O objetivo deste estudo é tratar de questões pertinentes ao apagamento de traços da(s) lÃngua(s) germânica(s) em Juiz de Fora/MG, considerando que, como aponta a literatura (OLIVEIRA, 1953; STEHLING, 1979; BORGES, 2000; ESTEVES, 2008), a quantidade de imigrantes germânicos que chegou à cidade teria sido tão grande quanto aquela destinada a outras partes do paÃs, onde a lÃngua se manteve e/ou onde ainda há visÃveis marcas no dialeto/cultura da região (BORSTEL, 2011; PEREIRA, 2005). Nesse contexto, é relevante considerar que várias pesquisas já foram realizadas com o intuito de abordar a imigração “alemã†em Juiz de Fora, mas essas focavam apenas aspectos sócio-econômicos e fatos históricos. Verifica-se, dessa forma, que não há pesquisas centradas em questões relacionadas ao contato entre lÃnguas. Assim, partindo do pressuposto de que toda lÃngua atua como Ãndice da identidade de seus falantes (LABOV, 1972, 1982, 1994, 2001), pode-se dizer que muitos dos elementos identitários dos povos germânicos acabaram se perdendo ao longo do caminho, uma vez que a(s) lÃngua(s) não sobreviveu (sobreviveram) a
todo um processo de urbanização da cidade, bem como ao contato linguÃstico intenso com os falantes do português e de outras lÃnguas de imigração. É neste contexto que se inserem as teorias de Castells (2006) acerca da noção de identidade, concebida como a fonte de significado de um povo. A partir dessa perspectiva, pressupomos que um dos fatores que provavelmente contribuiu para com o apagamento dos traços lÃngua-cultura-identidade foi justamente a não identificação coletiva, i.e., a negação da identidade do outro, evitando o reconhecimento de si mesmo como um igual, como possuidor de uma mesma identidade.