A linguagem apofática é um gênero discursivo estreitamente relacionado à Teologia
Negativa, cuja formulação mais acabada se encontra na obra do Pseudo-DionÃsio (séc.
V), mÃstico que funda uma tradição negativa que se perpetuará durante toda a Idade
Média e Moderna. Na contemporaneidade diversos autores (DERRIDA, 1995 e 1997;
FRANKE, 2007; PONDÉ, 2003; VEGA, 2004 e 2009 e outros) têm destacado a retomada
desse gênero discursivo nas artes, na literatura e nas ciências humanas de forma geral. A
linguagem apofática é, portanto, um discurso que visa à própria transcendência e se
orienta para a denúncia de um vazio intrÃnseco à linguagem e ao mundo que dela se
origina, de tal modo que o Deus que aà comparece desliza sob nossa linguagem sem se
deixar prender em nossas teias discursivas. No presente texto a impossibilidade do nome
de Deus torna-se metáfora para se refletir, a partir do exemplo da mÃstica de Angelus
Silesius, sobre as possibilidades de um pensamento negativo cujos fundamentos sejam o
esvaziamento da linguagem, que se vê despojada de sua capacidade de dizer o mundo, e o
aprendizado do não-saber.
Apophatic language is a genre closely related to negative theology, whose the most
accomplished formulation is found in the Pseudo-Dionysius work (fifth century), who
founded a mystical tradition that perpetuated throughout the Middle and Modern Ages.
Several authors in contemporary such as Derrida (1995 and 1997), (Franke, 2007),
(Pounde, 2003), (Vega, 2004 and 2009), and others, have highlighted the resumption of
that genre in the Arts, Literature and the Humanities in general. Apophatic is, thus, a
discourse that seeks transcendence, and it orients itself to denounce the emptiness
intrinsic to language as well as to world, so that the God that there appears slips under our
language without being caught in our discursive webs. In this text the impossibility of
God's name becomes a metaphor to reflect, from the example of the mystique of Silesius
Angelus, on the possibility of a negative thought whose foundations are the emptiness of
the language, which finds itself stripped of its ability to tell the world, and from the
learning of the not-knowing.