O artigo parte de pesquisas de campo realizadas ao longo de 2017 e dos primeiros meses de 2018, no Estádio Almeidão, em João Pessoa, em meio à torcida do Botafogo da Paraíba. Em diferentes incursões, todas feitas em jogos oficiais do clube em questão, o que se percebeu foi um ambiente predominante de homens, heterossexuais, cuja masculinidade é sempre reforçada como aspecto positivo e como parte definidora de sua identidade. Ao mesmo tempo, o uso de xingamentos homofóbicos serve para marcar o clube e a torcida rival, como seres que merecem ser menosprezados, atacados ou combatidos. Isso provoca, mesmo que às vezes de forma inconsciente, um ambiente hostil para mulheres e para homossexuais da própria torcida botafoguense, que também se fazem presentes ao estádio. O objetivo aqui, pois, é entender como os marcadores sociais da diferença interferem nas relações entre os torcedores e reforça uma violência simbólica contra determinados grupos.