Adotamos no presente artigo o Bem Viver andino como possibilidade de pensá-lo como Filosofia da Vida, situando-o no debate filosófico-educacional para, ensaisticamente, visualizar aportes a uma educação intercultural, capaz de reconhecer diferentes identidades, alteridades e racionalidades. O objetivo é refletir sobre possíveis aberturas e diálogos que podem contribuir com estudos e projetos educacionais que estão instaurando perspectivas críticas de educação e interculturalidade, de modo a descentrar concepções, discursos e práticas etnocêntricas, cognitivistas e monoculturais que reproduzem alienação e acriticidade, negando as dimensões da corporeidade, da espiritualidade e da inventividade das gerações contemporâneas. Utilizamos a hermenêutica filosófica, crítica, portanto, como referencial de nossa reflexão e diálogo com autores que oferecem subsídios teórico-metodológicos que sustentam o debate do intercultural na educação, como Paulo Freire, Vera Maria Candau e Reinaldo Fleuri, dentre outros. Concluímos que, embora o pensamento hegemônico perdure na cultura escolar, a abertura ao intercultural no pensamento filosófico-educacional tem se tornado inevitável, aumentando o desafio e, ao mesmo tempo, a riqueza contida nas diferentes perspectivas culturais e epistemológicas de educação.