Neste trabalho temos como objetivo central discutir sobre um aspecto fundamental de asserção do episcopado no Reino Visigodo de Toledo, a afirmação da instituição eclesiástica como principal administradora de um vasto patrimônio sob o domínio dos bispos. Esse processo pode ser enquadradado sob um olhar mais abrangente de transformações na Europa Ocidental, marcado pela desestruturação da administração central imperial e o surgimento de formas específicas de autoridade local senhorial, baseada no poder sobre terras e homens. Focamos nossa análise no discurso episcopal presente nas atas dos Concílios III e IV toledanos, visando destacar os aspectos de estabelecimento do discurso que reforça a condição bispal como domini, porém que possuem grande porção de seu domínio associados às normativas institucionais canônicas.