Neste artigo compósito, proponho uma leitura não-antropocêntrica da história territorial brasileira. Na Parte I, procuro reconstruir teoricamente o conceito de território de modo a ‘subjetificar’ toda e qualquer coisa terrena, descentrando a agência histórica. Para isso, sugiro encarar o território como um campo vital contÃnuo (i.e., sem ‘buracos’), diversificado e todo-abrangente de que os seres humanos participam, como condição necessária de sua existência terrena. A partir dessa perspectiva, estar no território significa ‘vibrar’ na mesma faixa de frequência vital dos outros seres e coisas naturais, influenciando suas atividades e sendo influenciado por elas. Desenvolvida essa teoria, passo a utilizá-la, na Parte II do artigo, para a construção de uma breve narrativa acerca do encontro e das adaptações recÃprocas entre florestas costeiras, amerÃndios, colonos neoeuropeus e formigas cortadeiras, durante a colonização portuguesa. A tÃtulo de conclusão, ressalto o contraste entre a atitude ‘dialogal’ e a atitude ‘colonial’ com que amerÃndios e neoeuropeus, respectivamente, participavam dos encontros ecológicos, mais-do-que-humanos, que proponho chamar de territórios. (parte 1: publicada em HALAC, v.3, n. 2, mar-ago 2014)
In this composite paper, I propose a non-anthropocentric reading of the Brazilian territorial history. In Part I I try to theoretically reconstruct the concept of territory so to ‘subjectify’ all and every earthly thing,decentering historical agency.For this,I suggest approaching territory as a continuous (i.e., no ‘holes’),diverse and all-encompassing vital field in which humans participate as a necessary condition of their earthly existence.From this perspective, to be in the territory means 'vibrating' in the same life-frequency of other natural beings and things, influencing their activities and being influenced by them.
Then
,
In Part
II, I use this theory for the co
nstruction of a brief narrative about the encounter and reciprocal adaptations
between coastal forests, Amerindians, neo
-
European settlers and leaf
-
cutting ants, during the Portuguese
colonization.
In conclusion, I emphasize the contrast between the 'dialo
gical' attitude and the 'colonial'
attitude with which Amerindians and neo
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Europeans, respectively, participated in the ecological, more
-
than
-
human encounters I propose to call territories.
(Part 1: published in HALAC v.3,n. 2, Mar
-
Aug 2014).