O presente artigo analisa a presença brasileira na Ãfrica, durante os dois mandatos do Presidente Lula da Silva (2003-2010). Parte-se do entendimento de que as aproximações anteriores entre esses dois lados do Oceano Atlântico eram difusas e sem continuidade, com momentos de maior ou menor aproximação, em relação aos contextos internos (governos) ou externos (configuração do sistema internacional). Já no século XXI, por um lado, tem se revalorizado o papel da Ãfrica na polÃtica internacional ao mesmo passo que verifica-se uma nova forma de inserção brasileira nesse cenário; essa polÃtica brasileira busca atender tanto ao contexto de reemergência do continente africano no sistema internacional, quanto ao redirecionamento da polÃtica externa para uma ênfase de concertação e cooperação multilateral, com ênfase nas relações Sul-Sul.
No entanto, mesmo com uma retomada ampla dessas relações, não se pode caracterizar uma inflexão profunda nessa dinâmica a partir de 2003; o que se observa gradualmente é uma inserção do continente na estratégia multilateralista do governo Lula da Silva, amparada pela construção de uma polÃtica continental para a Ãfrica. Marcada por uma continuidade amplificada e intensificada das polÃticas iniciadas no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, fortemente baseadas na aproximação governamental, essa polÃtica, atualmente, depende da postura do governo Dilma, para prosseguir com os resultados alcançados no governo anterior.
This article analyzes the Brazilian presence in Africa during both mandates by President Lula da Silva (2003 - 2010). The starting point is the idea that the previous contacts between these two sides of the Atlantic Ocean, diffuse and without continuity, with moments of greater or lesser approximation in relation to internal contexts (government) and external (international system configuration). In the 21st century, on one hand reassesses the role of Africa in international politics at the same time that there is a new form of inclusion of Brazil in this scenario; this policy seeks to meet both the Brazilian context of re-emergence of the African continent in the international system, regarding the redirection of foreign policy to an emphasis on dialogue and multilateral cooperation, emphasizing South-South relations.
On the other hand, even with an ample resumption of these relations, it is not possible to characterize an inflexion in this relation starting from 2003; but rather, the insertion of the continent in the multilateralist strategy of Lula da Silva's government, backed by the construction of a continental policy towards Africa. This policy are marked by an intensified and enlarged continuity of the policies begun in the second government of Fernando Henrique Cardoso, strongly based on governmental approach, which depends on the stance of Dilma Rousseff's government, to proceed with the results achieved in the previous government.