As concepções naturalistas começaram a impregnar a sociedade, e não somente a psiquiatria, a partir
dos anos 1980, nos Estados Unidos, e dos anos 1990, na França. As neurociências contribuíram para
mudar o estatuto do cérebro no sentido de que este não é mais considerado somente na sua dimensão
médica, mas também adquiriu um valor social que não existia há pouco tempo atrás na vida cotidiana,
na vida política e nas referências culturais – desde então, os jornais franceses dedicam um número
especial anual às neurociências2, como o fazem há muito tempo com a psicanálise. Assim, o cérebro não
é mais somente estudado tendo em vista as patologias mentais e neurológicas.