Este artigo constitui-se numa reflexão a partir das redes de criação do espetáculo Devorando heróis: a tragédia segundo os pícaros, do coletivo de teatro de rua Os Pícaros Incorrigíveis (Fortaleza/CE). Partindo da perspectiva do pensar/fazer do artista-pesquisador e apoiando-nos em recursos metodológicos da antropologia da performance, procuramos entender de que modo o carnaval é utilizado como dispositivo para a construção dramatúrgica e de que modo o ritual carnavalesco acontece nesse espetáculo de rua. Por fim, compreendemos que as escolhas estéticas do espetáculo apontam para uma poética de criação artística e de existência atravessadas pelo carnaval. O agenciamento entre os elementos festa, teatro, arte e vida encontra-se no carnaval picaresco do Devorando heróis e atravessa a ética do coletivo, que também pauta seu modo de existência na festa.