O conceito de mal em Kant é suficiente?

Revista Sofia

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ISSN: 2317-2339
Editor Chefe: José Renato Salatiel
Início Publicação: 01/08/2012
Periodicidade: Bianual
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Filosofia

O conceito de mal em Kant é suficiente?

Ano: 2018 | Volume: 7 | Número: 1
Autores: Henrique Franco Morita
Autor Correspondente: Henrique Franco Morita | [email protected]

Palavras-chave: Radical evil, Totalitarianism, Religion, Autonomy, Moral Law.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Como compreender o mal presente nos regimes totalitários? Arendt evoca o mal radical
segundo Kant. Reconstrói-se, assim, a caracterização kantiana do mal. As inclinações dividem-se
em afetos e paixões. Afetos são insuficientes para macular uma boa vontade, paixões afiguram-se
corruptoras. Discute-se, então, a propensão para o mal e a disposição originária para o bem: a
natureza humana é corrompida, mas há responsabilização. Entre natureza e arbítrio, o conceito de
mal aponta para o dever de usar a liberdade de acordo com os comandos da lei moral,
reconduzindo-se à disposição santa originária. Daí a ideia de que a moral conduz à religião e à
plenitude da comunidade ética. Em seguida, expõe-se duas concepções de Arendt sobre o mal: I)
o mal tomado no contexto do totalitarismo como mal radical, impunível e imperdoável; II) o mal
tomado da perspectiva do agente, a banalidade do mal. Conclui-se, assim, que Kant não abarca a
superfluidade dos seres humanos — e, portanto, a dimensão propriamente política do mal — como
teorizado por Arendt, o que elucida melhor aspectos contemporâneos desse fenômeno.



Resumo Inglês:

How to understand the evil presented in totalitarian regimes? Arendt evokes radical
evil as per Kant. Thus, a Kantian characterization of evil is reconstructed. Inclinations are divided
into affections and passions. Affections are insufficient to tarnish a good will, while passions seem
corrupting. This raises the issue of the the propensity for evil versus the original disposition for
good: human nature is corrupted, but there is accountability. Between nature and agency, the
concept of evil points to the duty to use freedom according to the principles of the moral law,
returning to the original holy disposition. Hence the idea of morality leading to religion and to the
fullness of the ethical community. Then, Arendt's two conceptions of evil are presented: I) evil
taken as radical, discussed in the context of totalitarianism; II) evil taken from the perspective of
the agent, the banality of evil. It follows that Kant’s arguments do not cover the superfluity of
human beings — nor a properly political dimension of evil — as theorized by Arendt, which elucidates
the contemporary effects of this phenomenon.