O presente trabalho tem por objetivo discutir o contexto do processo tradutório da literatura árabe contemporânea e as complexidades que envolvem a prática. A partir de uma análise sucinta da produção e recepção das primeiras edições de As mil e uma noites traduzidas para as línguas francesa e inglesa, discutimos a relevância que esse processo tem para o entendimento do padrão de tradução de textos árabes estabelecido no Ocidente. Considerando os fatos históricos que permeiam essa prática, bem como o papel do tradutor enquanto mediador intercultural, aliamos o orientalismo, proposto por Edward Said em 1978, à teoria do gênero do discurso, de Mikhail Bakhtin, abordando o texto traduzido na comunidade de chegada tendo em vista a relação que os gêneros textuais estabelecem entre si num determinado sistema literário e o potencial da tradução como um meio de consolidar estereótipos e distorcer a imagem do outro, mas também de formar identidades culturais e constituir uma forma de resistência, inovação e mudança cultural.
The work in hand aims to discuss the context of translating Arabic Literature and the complexities involved in this practice. From a brief analysis of the production and reception of the first editions of The Thousand and One Nights into French and English, we examine the relevance of this process in the understanding of the standards of translating Arabic texts. Considering the historical facts that permeate this practice, as well as the role of the translator as an intercultural mediator, we combine the Orientalism proposed by Edward Said with the theory of Genre of Mikhail Bakhtin. Hence, we approach the translated text in the receiving community in view of the relations that different text genres establish amongst themselves in a determined literary system and the potential of translation as a way of consolidating stereotypes and misrepresenting the Otherness images, as well as to build cultural identities, and to be a form of resistance and develop cultural change and innovation.