Constatou-se, através de uma análise à luz da contemporaneidade, a existência de elementos pós-modernos no romance O Criado Mudo de Edgar Telles Ribeiro. Sobretudo, quando se sabe que a contemporaneide se caracteriza pela multiplicidade de ações, pela indiferença, por um novo imaginário e pela convivência democrática e simultânea de diversas linguagens. O Criado Mudo apresenta uma narrativa em consonância com o nosso tempo. Nele, nada está totalmente pronto, tudo está inacabado e por construir. O leitor, envolvido pelo jogo que aos poucos se revela, torna-se parceiro inseparável desse jogo. São vários os narradores que conduzem a narrativa através do fio da meada que tenta reconstruir a história de Guilhermina, a personagem protagonista. O leitor, envolto numa teia de fios, mergulha juntamente com os narradores na arqueologia dessa personagem. A narrativa fragmentada e a presença de várias vozes para narrarem a história privilegiam o pastiche, conduzindo o enredo como se montasse o roteiro de um filme ou compusesse uma partitura musical, fazendo desse romance, um exercício neobarroco e, logicamente, mais um exemplo de escritura pós-moderna