O objetivo do artigo é apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa sobre o debate em torno das cotas nas universidades públicas brasileiras nos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de Minas, entre 2001 e 2009. Embora existam trabalhos anteriores a respeito do tema, nosso corpus empÃrico, com 692 matérias, é mais amplo do que o de outros estudos, ao passo que nossa unidade de análise focaliza os proferimentos diretos e indiretos (n=1037) que apresentam algum tipo de opinião em relação à s cotas nas universidades. Nossas primeiras análises revelam alguns dados bastante contra-intuitivos: 1) percebe-se uma polarização das opiniões contra e favor entre os espaços editoriais e as colunas assinadas;2) há predominância dos cidadãos comuns no debate sobre as cotas, em detrimento de atores que geralmente tem acesso privilegiado à mÃdia, como o governo federal e os especialistas. A investigação de quem são os atores intervenientes e como seus proferimentos são gerenciados e hierarquizados na arena midiática revela importantes tensões que surgem no nÃvel das organizações internas dos media, no nÃvel interinstitucional e no nÃvel social das práticas jornalÃsticas.
This paper aims at presenting some preliminary findings of an ongoing research on the public debate over
the racial quota policy in Brazilian public universities, from 2001 to 2009, in the following newspapers: Folha de S. Paulo, O Globo and Estado de Minas. Our research distinguishes itself from previous studies because our corpus (692 articles) is wider hes and our unity of analysis consists of direct and indirect utterances (n=1037) that present any type of opinion upon racial quota policies. Our preliminary analysis reveals some very counter-intuitive findings: 1) we observed a polarization of opinions against and for the racial quota policy in editorial columns and op eds; 2) we noticed that common citizens are the most prominent speaker in the debate, surpassing actors who usually have privileged access to news media, such as federal government officers and experts. Our investigation about the category of speakers in the debate and our inquire into how their utterances are organized and hierarchised in the media arena show important tensions underpinning the media organizations, both on the inter-institutional levels and the journalistic social practices levels.