No presente trabalho mostra-se o desencontro entre a complexa
história do desenvolvimento da escala Fahrenheit e o pouco caso
que dela fazem livros textos, professores e estudantes de FÃsica.
Inicialmente, foi feito um apanhado dos posicionamentos de
vários livros textos de FÃsica, dirigidos ao ensino médio. Um
levantamento da opinião de um conjunto de professores de FÃsica
do ensino médio e de estudantes de licenciatura em FÃsica foi
feito através de uma série de entrevistas semi-estruturadas que
buscavam mapear suas compreensões a respeito da utilidade da
escala Fahrenheit e da razão de ser dos valores 32 e 212, nela
assinalados respectivamente para os pontos de fusão do gelo e de
ebulição da água. Os resultados das nossas análises revelam um
enorme desconhecimento histórico aliado a uma capacidade de
engendrar ou simplesmente reproduzir, versões pseudohistóricas
que pareçam plausÃveis. Mostramos, ainda, que uma
análise histórica mais acurada do desenvolvimento da escala
Fahrenheit pode ser bastante instrutiva no que diz respeito Ã
compreensão do que vem a ser uma pesquisa histórica. Em
particular, a necessidade de reconstruções racionais e os papéis
atribuÃdos aos contextos da descoberta e da justificativa são
claramente ressaltados nesta investigação.
In the present work we study the mismatch between the complex
history of the development of the Fahrenheit scale and the way
Physics textbooks, teachers and students of Physics think about
such development. Initially, a survey of some High School Physics
textbooks of physics was done. Another survey of the opinions
of a set of Physics teachers and university students of Physics
was conducted through a series of semi-structuralized interviews.
With such interviews we searched to find out their understandings
regarding the utility of the Fahrenheit scale, as well as
the reasons they attached to the fixed points 32 and 212 of that
thermometric scale referring to the points of ice fusion and
boiling of water. The outcomes of our study reveals an enormous
historical unfamiliarity and a certain ability to produce or
simply to reproduce some pseudo-historical versions that could
seem reasonable. We also show that a more accurate historical
analysis of the development of the Fahrenheit scale can be sufficiently
instructive to illustrate the way a historical research develops.
In particular, the need for rational reconstructions and
the roles attributed to the contexts of the discovery and the justification
are clearly enhanced in this inquiry.