O artigo retoma dois deslocamentos cruciais da história da
noção de "performativo" no pensamento de Derrida, e os efeitos
dessa noção em sua tentativa de repensar os contornos da ação ética
e polÃtica, e do “sujeito†dessa ação. Em primeiro lugar, a particular
apropriação de Judith Butler da noção de “iteratividade†empregada
por Derrida para descrever a força performativa da escrita e da
linguagem em geral. E, segundo lugar, a remodulação de Derrida da
noção de “performativoâ€, em suas reflexões finais sobre a estrutura
aporética da “decisão†através da qual ele tenta refletir sobre a
ruptura entre “justiça†e “normatividadeâ€. Por uma análise das
diferenças em jogo nessas duas trajetórias possÃveis para pensar a
“performatividade†da linguagem e da individualidade, o artigo
tenta mostrar, primeiro, a ligação entre a análise inicial de Derrida
sobre a “escrita†e suas derradeiras reflexões sobre a diferença entre “justiça†e normatividade e, segundo, ele tenta de forma preliminar
entender por que Derrida, em sua tentativa de re-pensar desse
modo a ação ética e polÃtica, re-abre um certo registro “religiosoâ€
constitutivo desta ação, um registro, sugerimos, ligado ao problema
da afetividade.