O diálogo de Calvino com Hermes-Mercúrio em "As cidades invisíveis"

Anuário De Literatura

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Pós-Graduação em Literatura - Centro de Comunicação e Expressão - Campus Universitário - Trindade - Florianópolis
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ISSN: 21757917
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Início Publicação: 30/11/1993
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

O diálogo de Calvino com Hermes-Mercúrio em "As cidades invisíveis"

Ano: 2015 | Volume: 20 | Número: Especial
Autores: Glaucia Muniz Proença Lara, Maria Magda de Lima Santiago
Autor Correspondente: Anuário De Literatura | [email protected]

Palavras-chave: análise do discurso, semiótica francesa, literatura, as cidades invisíveis, hermes trismegisto

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Resumo Português:

Este trabalho apresenta a análise do discurso de cinco narrativas do livro As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino, que, reunidas sob o título As cidades e as trocas, descrevem as cidades de Eufêmia, Cloé, Eutrópia, Ercília e Esmeraldina. O livro apresenta onze títulos, que nomeiam cinco narrativas cada um. No grupo escolhido, identificamos a presença da mitologia, na figura do deus Hermes, Mercúrio ou Thoth, do sincretismo greco-romano-egípcio, por quem Calvino declarou seu interesse mais de uma vez. Essa referência, explícita no discurso de Esmeraldina e Eutrópia e implícita em Eufêmia, Cloé e Ercília, despertou nosso interesse em investigar como o discurso estabelece ligações com Mercúrio – considerado, entre outras coisas, o deus das estradas, do comércio, da comunicação, da transformação e das trocas; e, como ele é nomeado por Calvino em Eutrópia: o “deus dos volúveis”. Por meio do exame dos temas, figuras e isotopias, conceitos mobilizados pela semiótica francesa (ou greimasiana), e de sua articulação com a noção de interdiscurso, oriunda da análise do discurso francesa (AD), buscamos verificar o diálogo que se instaura entre o discurso literário e o discurso mítico. Alguns dos princípios apresentados na Tábua esmeraldina – texto supostamente atribuído a Hermes e que nomeia uma das cidades – auxiliaram-nos a confirmar esse diálogo interdiscursivo que é trazido para o fio do discurso de Calvino (o intradiscurso) e que se mostra compatível com a recorrência de certos temas extraídos do referido grupo de narrativas. As análises também possibilitaram associações com o conceito de rizoma, proposto por Guattari & Rolnik, que é figurativizado por Calvino nas descrições de linhas e formas, indicando que a obra dialoga tanto com o antigo quanto com o contemporâneo, trafegando entre a memória e a mobilidade de reconfigurações de valores e comportamentos.