O presente trabalho trata da temática do diálogo como uma das palavras-chave do Concílio Vaticano II. O processo conciliar adotou, por força do confronto das diferenças, por persuasão da palavra e por audição da alteridade, o caminho do diálogo, de modo a romper com o método clássico, visível nos demais concílios, por meio do qual a verdade era reafirmada de modo autoritativo, exclusivista e restritivo. A própria intencionalidade do concílio, desde a convocação da parte do papa João XXIII, focada sempre no aggiornamento, até a aprovação dos documentos finais, adota o diálogo como caminho sempre mais consciente, na medida em que a Igreja ali presente dá a si mesma o desafio de discernir e acolher o mundo moderno. E, numa circularidade virtuosa, com essa postura revê a si mesma nos termos de sua definição e missão. O diálogo, como principio e caminho de construção do Vaticano II, constitui o legado maior do grande sínodo ecumênico no que se refere à práxis da Igreja no mundo e a sua própria autocompreensão como corpo feito de diversidade e unidade e povo de Deus em marcha na história na direção do Reino de Deus.