Num momento em que discursos sobre a educação no Brasil – que ressaltam aspectos como a necessidade de repensar o modelo educacional vigente; as polÃticas públicas por uma escola de qualidade; os limites e possibilidades diante do fracasso escolar; os questionamentos a respeito da laicidade e suposta neutralidade polÃtico-religiosa – se multiplicam e reverberam reclamando sentidos, a publicação de História da Alfabetização: sentidos e sujeito da escolarização, de Mariza Vieira da Silva, mais do que nos fazer pensar sobre esses sentidos que nos expõem aos ditos e não-ditos, ao que é silenciado e ao que é já-dito historicamente sobre educação, sobre a alfabetização, sobre a escola de ensinar a ler, escrever e contar. Muitos sentidos, muitos debates, muitas palavras. Educação está na ordem do dia. O que fica silenciado até aqui? O que não está dito e o que está no não-dito? Como pensar o já-dito na história, na relação com a lÃngua e com a constituição do sujeito da escolarização no Brasil?
Além de belÃssima e inaugural, como afirma Orlandi no prefácio do livro, a obra é imprescindÃvel para todos aqueles que desejem pensar como se constitui a história e o sujeito da escolarização num paÃs determinado pelo processo de colonização, por uma sociedade escravocrata. Uma obra que retoma, não apenas sua tese de doutorado defendida em 1998, mas quase vinte anos de trabalho em torno do tema da alfabetização/escolarização do português como lÃngua nacional, com articulações teóricas e construção de um dispositivo de análise, “um objeto discursivo em que o simbólico e o polÃtico se articulam†(SILVA, 2015, p. 26). Obra que se apresenta como presente para nós leitores interessados em pensar sentidos possÃveis para (a transformação da) educação.