O ego amans é que opera a redução erótica. Esta implica o trânsito da subjetividade transcendental e seu estudo genético, que desemboca na crise para a individuação como experiência amorosa que parte de e retorna para a comunidade. Essa virada, em essência teológica, é a maneira de enfrentar a positivização do mundo da vida no contexto das sociedades pós-industriais e póscapitalistas. Na primeira parte do artigo, examina-se a passagem do ego cogito para o ego amans; a fenomenologia do ego amans; e o ego amans como superação do positivismo. Contudo, sempre se corre o risco de que o amor se converta em uma menção vazia de conteúdo. Como, então, procurar a vigilância crítica sobre a validade das asserções às quais dá lugar sua enunciação? Redução indica a operação pela qual o vivido se torna esfera de propriedade, é ver como se efetua a encarnação do amor como processo de individuação. Esta encarnação que individua acontece na dialética entre eros e ágape; esta dialética dá lugar a um projeto de formação da individuação da carne. Assim, a redução erótica exige a volta em e pela experiência pessoal do Deus do amor, seja como eros, seja como ágape. Esses são dois pólos da experiência do ego amans em sua constituição de sentido de si mesmo e dos valores de comunidade e de cultura. É possível pensar em toda essa operação em que se instala o ego amans sem recorrer a um mundo da vida que se nos dá tanto técnica quanto tecnologicamente? A hipótese que se sustenta é de que a religião enquanto religação exige a volta ao si mesmo na concreção de seus processos de individuação. É, então, o indivíduo que, ao saber dizer sim ou saber dizer não à técnica e à tecnologia acha sua serenidade; e a acha, precisamente, porque descobre a aesthesis como forma de voltar a criar e projetar um sentido de vida em um mundo tecnologizado que se faz cruel e se desumaniza em relações mecânicas, incluindo as operações comerciais e financeiras. Daí, então, que a experiência individuante do ego amans consista, hic et nunc, em exibir a tecnicidade como reencantamento do mundo. Que fica para o ego amans como esfera de extensão de sua individuação? Em suma, a tripla relação: liberdade, mal, Deus.
The ego amans is the one that operates the erotic reduction. This implies the transition from transcendental subjectivity to its genetic study, which ends up in the crisis of individuation as amorous experience that starts from and returns to community. This turn – essentially theological – is the manner of facing up the positivisation of the life world in the context of post-industrial and post-capitalist societies. In the first part of the article, the passing from ego cogito to ego amans is examined; the phenomenology of ego amans and the ego amans as overcome of positivism. However, one always runs the risk that love turns out to be a mention empty of content. How then to search for a critical watchfulness over the assertions validity to which its enunciation gives place? Reduction indicates an operation by which the living becomes sphere of property; it is to see how the incarnation of love as individuation process gets effective. This incarnation that individuates happens in the dialectic between eros and agape, and this dialectic gives place to a project of formation of flesh individuation. So the erotic reduction requires the return in and through personal experience of the God of love either as eros or as agape. These are the two poles of the ego amans' experience in its constitution of the meaning of itself and of the values of community and culture. Is it possible to think about all this operation in which the ego amans is installed without recurring to a world of life, which is given to us both technically and technologically? The hypothesis sustained here is that religion as relinking requires the return to oneself in the realization of the process of individuation. So, it is the individual who, when knowing to say yes or no to technic and technology, finds its serenity, and he finds it precisely because he discovers aesthesis as a form of getting back to creating and projecting a life meaning in a technological world, which is cruel and unhuman in mechanical relationships, including the commercial and financial operations. So, the individuating experience of ego amans consists in exhibiting technicity as re-enchantment of the world. What remains to ego amans as extension sphere of its individuation? Summing up, the triple relationship: freedom, evil, God.