O romance Gradiva, de W. Jensen, serviu para Freud analisar o papel do delÃrio, do sonho e da fantasia na construção das obras de arte ou, de outro modo, para analisar como o escritor projetou no livro algumas das suas fantasias e desejos inconscientes. A partir desse estudo, a psicanálise ganhou a sua carta de alforria na interpretação literária. Nesta breve comunicação, não é ainda possÃvel efetuar uma leitura psicanalÃtica de um qualquer livro de Mia Couto, mas apenas ensaiar uma aproximação entre alguns dos seus trechos discursivos e dois problemas permanentes da sua criação literária: a escrita como resolução existencial e como sedução do outro, sobretudo da outra, a mulher.