A repetição do termo Eu e, consequentemente, de sentidos na poesia de Florbela Espanca (1894-1930), norteará essa reflexão, a partir do que buscaremos compreender, pela perspectiva discursiva a sua relação com a função-autor (FOUCAULT, 1969;1990;), os processos de autoria (ORLANDI, 1996; 2004; 2007;) e, mais especificamente, com a noção de autoria na escrita poética. Tendo em vista as instâncias de eus que a escrita poética põe em jogo, na situação imediata do dizer poético, perguntamos pela relação entre o escritor (uma poetisa portuguesa), o locutor (enunciador poeticamente construÃdo no texto literário) e o sujeito-poeta, a posição discursiva a que se inscreve o escritor nessa escrita poética. Centraremos o nosso olhar no uso reiterativo do pronome eu, supondo sua repetição enquanto um lugar discursivo que materializa diferenças, no modo como o sujeito-escritor traduz pela poesia os diferentes fios discursivos que o significam, no (des)encontro mesmo do seu dizer com os dizeres do Outro