Este texto tem como objetivo fundamental refletir sobre a dimensão do cuidado como ferramenta tática e estratégica para a produção de cidadania comunicativa e como dimensão de conscientização crítica e de emancipação coletiva e individual. Para isso, nos baseamos na produção de conhecimento de autoras negras que compreendem o cuidado para além das regulações coloniais e ficcionais do gênero, mas como um horizonte fundamental de articulação, elaboração e mobilização política individual e coletiva. Neste texto, nos centramos na análise das práticas comunicacionais desenvolvidas pelo Coletivo e Instituto Odara, da cidade de Salvador/Brasil e pelo Coletivo Afrofeminista, da cidade de Barcelona/Espanha. Assim, foram entrevistadas duas integrantes, uma de cada um dos Coletivos, entre março de 2019 e outubro de 2020. Foi observado que os coletivos constroem ações de cuidado e generosidade, nos quais a comunicação é pensada enquanto direito e dimensão dorsal da formação de sujeitas comunicantes. Os dados apontam que os coletivos feministas observados utilizam o cuidado como estratégia e tática para produzir uma comunicação sensível cujo centro está no diálogo e no reconhecimento de autonomia e senso crítico dos sujeitos.
