O FANDANGO CAIÇARA E O CONCEITO DE CARNAVALIZAÇÃO DE BAKHTIN

Ideação

Endereço:
Av. Tarquínio Joslin dos Santos, 1300
FOZ DO IGUAçU / PR
Site: http://e-revista.unioeste.br/index.php/ideacao
Telefone: (45) 3576-8118
ISSN: 15186911
Editor Chefe: Fernando José Martins
Início Publicação: 31/12/1997
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

O FANDANGO CAIÇARA E O CONCEITO DE CARNAVALIZAÇÃO DE BAKHTIN

Ano: 2018 | Volume: 20 | Número: 2
Autores: Joni Fontella
Autor Correspondente: Joni Fontella | [email protected]

Palavras-chave: Fandango; Caiçara; Carnavalização; Cultura

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Até as últimas décadas do século XX, as comunidades caiçaras paranaenses e paulistas viviam basicamente da pesca e de produtos extraídos de pequenas plantações. Para a obtenção desses meios de sobrevivência, o trabalho era realizado por meio de mutirões, nos quais as pessoas participavam voluntariamente com sua força de trabalho. Como forma de reconhecimento pelo auxílio prestado, ao final das atividades, a família anfitriã oferecia uma festa, denominada de fandango. O objetivo principal deste artigo é refletir sobre a constituição do fandango enquanto festa popular e relacioná-lo à noção de carnavalização de Bakhtin (1987). Ao analisar o carnaval como festa popular na Idade Média e no Renascimento, Bakhtin argumenta que as relações hierárquicas existentes entre as pessoas em circunstâncias corriqueiras da vida social eram completamente abolidas durante os dias de festa, e assim, as pessoas experimentavam uma segunda vida. Entendemos que a noção de carnavalização poderia ser associada ao fandango caiçara. Então, realizamos uma pesquisa de análise documental, utilizando como corpus entrevistas constantes no livro Museu vivo do fandango (2006), em que membros das comunidades caiçaras expressam suas representações sobre, entre outras coisas, significados do fandango. Percebemos que, ao contrário do carnaval na Idade Média e no Renascimento, a festa do fandango não era momento de abolição de hierarquias, uma vez que as caiçaras dão pouca importância às hierarquias.

 

Fandango; Caiçara; Carnavalização; Cultura



Resumo Inglês:

Until the last decades of the twentieth century, the caiçara communities from Paraná and São Paulo States would make their living basically from fishing and products extracted from small plantations. To obtain these goods, the job was usually made by task force, in which people voluntarily participated with their workforce. As gratitude for the work done, the host used to invite people to a party, known as fandango. The main aim of this article is to reflect about the fandango’s constitution as a popular celebration and relate it to the notion of carnivalization by Bakhtin (1987). Analyzing carnival as a popular party in the Middle Ages and Renaissance, Bakhtin argues that the existing hierarchical relations experienced by people in recurrent circumstances of their social lives were completely forgotten during the celebrations, thus, people experienced a second life. We understood that the carnivalization notion could be associated to fandango caiçara. Then, we developed a documentary research, using as a corpus some interviews from the book Museu vivo do fandango (2006), in which some members of the caiçara communities express their representations about, between other things, meanings of fandango. We realized that, opposite to carnival in the Middle Ages and Renaissance, the fandango celebration was not a moment of hierarchy abolition, since the caiçaras do not care much about hierarchies