Exercitamos neste trabalho a leitura do conto O Fato Completo de Lucas Matesso, do livro Vidas Novas, de Luandino Vieira. Tomamos como recorte de estudo a forma como o autor deixa entrever na composição do conto, passagens líricas, talvez como atenuantes ao peso do conteúdo narrado: a tortura sofrida pelo preso político Lucas Matesso, no contexto histórico-social de luta pela libertação de Angola. O conflito do conto se dá em face do jogo semântico do vocábulo fato, compreendido pelos portugueses como uma vestimenta masculina, o mesmo que terno, no Brasil, e pelos angolanos como um prato nacional composto por feijão e banana no azeite-palma. O que nos revela a capacidade criativa de Luandino, ao transformar em arte, pela linguagem, as dores dos oprimidos no processo de busca por libertação, nos dando a conhecer, inclusive, pela via da ironia, os equívocos que ora se cometia, pelos chefes da polícia, que representavam o poder repressor dos colonizadores. Em face da proposta, apoiamo-nos em teóricos e críticos com os quais dialogamos: Sartre, Fanon, Memmi, Münster, Bloch, Abdala Júnior, Macêdo, Chaves e Vecchia, Bachelard, Castrillon, Martin, entre outros.
We work in this work reading the story The Complete Fact of Lucas Matesso, from the book Vidas Novas, by Luandino Vieira. We take as a study cut the way in which the author allows us to glimpse in the composition of the story, lyrical passages, perhaps as attenuating the weight of the narrated content: the torture suffered by the political prisoner Lucas Matesso, in the historical-social context of the struggle for the liberation of Angola. The conflict of the tale occurs in the face of the semantic game of the word fact, understood by the Portuguese as a masculine dress, the same as tender in Brazil, and by the Angolans as a national dish composed of beans and banana in olive oil. What Luandino's creative capacity reveals to us, by transforming the pains of the oppressed into art through language, in the process of search for liberation, making us know, even through irony, the mistakes that were being made by the bosses Of the police, who represented the repressive power of the colonizers. In the face of the proposal, we support theorists and critics with whom we dialogue: Sartre, Fanon, Memmi, Münster, Bloch, Abdala Júnior, Macêdo, Chaves and Vecchia, Bachelard, Castrillon, Martin, among others.