A obra de Boaventura Cardoso, José Luandino Vieira e Mia Couto tem como
caracterÃstica predominante a fusão entre o histórico e o literário. Esse processo advém da
necessidade, ou melhor, do desejo desses escritores de preencher as lacunas existentes na memória
das sociedades onde vivem - a angolana e a moçambicana -, fraturadas pelo advento do
colonialismo. Privilegiando um discurso polifônico, dialógico, o que em parte remonta à tradição,
com suas vozes sonantes, capazes de partilhar as experiências de forma conjuntiva, esses escritores
africanos contemporâneos recorrem a um produtivo artifÃcio artÃstico: criam um personagem com os
traços do griot para dar a veracidade necessária à enunciação. Este artigo visa à análise da
reinvenção linguistica na narrativa africana.
The main characteristic Boaventura Cardoso’s, José Luandino Vieira’s and Mia
Couto’s works is the fusion between history and literature. It derives from the necessity, or rather,
from their desire of filling the gaps of the social memory of their countries—Angola and
Mozambique--, fractured by colonialism. By privileging a polyphonic, dialogic discourse, what, in
part, traces back tradition, and its dissonant voices, able to share experiences, these contemporary
writers recur to a productive artistic device: they create a character with the characteristics of the griot to make their stories believable. This article aims at the analysis of linguistic reinvention in
African narrative.