O presente artigo problematiza alguns dos princípios que orientam as formas descritivas da Teoria Ator-Rede (ANT), de Bruno Latour, e da teoria feminista, sobre o “ponto de vista” formulada por Sandra Harding e Evelyn Fox Keller, por meio de minha pesquisa sobre o “Caso Marie Curie”. Como um caso singular entre gênero e ciência, o objetivo desse artigo é jogar as certezas da ANT contra as incertezas da perspectiva feminista, e as certezas da perspectiva feminista contra as incertezas da ANT. Isto é, reagir – no sentido químico do verbo – às formas descritivas da Teoria Ator-Rede e da perspectiva feminista “desobviando” alguns de seus pressupostos. Trata-se de explorar as decorrências dessas reações e seus efeitos para a descrição que fazemos da ciência.