O declínio da Primeira República, provocado, principalmente, pela ruptura do pacto interelites que dominava a cena política brasileira nas três primeiras décadas do século XX, reacendeu o conflito político, colocando em confronto novos grupos em disputa pelo poder. Embora essa nova contenda tivesse tido lugar no campo prático, caso da própria Revolução de 1930, foi, especialmente, no âmbito das narrativas, que se travou a principal batalha, o que permitiu o retorno ainda mais contundente ao campo das ações práticas. Portanto, este artigo irá tratar a maneira pela qual a construção dessa narrativa permitiu aos novos grupos detentores do poder transmitir ao imaginário social a ideia de que seus opositores representavam um perigo “iminente e real”, não aos seus interesses, mas à sociedade como um todo.