Resumo: Em 2019, Christia Mercer publicou um artigo no qual faz uma reavaliação do debate de 2015 entre Garber e Della Rocca sobre qual seria a interpretação correta de Spinoza. Seguindo Mercer, os dois filósofos instanciaram duas posições principais em relação ao conceito e à metodologia da história da filosofia, a saber, o contextualismo e o apropriacionismo. Como diz Mercer, tal debate orbita em torno da aceitação ou rejeição de um único princípio, ou seja, o “Getting Things Right Constraint” (GTRC), que pode ser interpretado como a cláusula que proíbe a atribuição de reivindicações ou ideias a figuras históricas sem a preocupação de que tais figuras as reconheceriam como suas. Porém, o GTRC está longe de ser um princípio indubitável e esconde um grande número de questões difíceis sobre o próprio significado do que se deve entender por “compreender as coisas corretamente”. Seguindo o que Mulligan chama de “abordagem austríaca” da história da filosofia, este artigo pretende desdobrar alguns aspectos da “filosofia da história da filosofia” de Brentano para buscar suas contribuições para um problema que já estava presente nas origens da filosofia contemporânea.