O presente artigo apresenta as principais caracterÃsticas do conceito de homem em seu estado de natureza e as principais implicações deste conceito para a formação da sociedade, sejam estas implicações enquanto análise da sociedade vigente à época de Rousseau; sejam enquanto proposta de uma sociedade ideal. Com efeito, Rousseau pretende superar a visão de Hobbes, utilizando-se da união conceitual de três princÃpios (igualdade, simplicidade e perfectibilidade). Ao longo deste estudo poderemos perceber que a espécie humana, de acordo com as necessidades, foi evoluindo, primeiro para se defender e se alimentar até chegar na propriedade, marco decisivo da desigualdade entre os homens, depois de ter inventado o cultivo da terra. Levando a crer que aos poucos o progresso foi diferenciando os seres e as sociedades efetivamente surgiram na medida em que o homem natural percebe que os outros homens são iguais a ele, e eles, em grupo, têm mais vantagem de se manter, baseando-se em seu instinto natural de sobrevivência. A partir disso, busca-se apresentar a maneira como Rousseau demonstra a passagem do homem de um estado livre com liberdade natural em que todas as satisfações eram preenchidas, em que não se preocupava com seu semelhante, em que bastava a si mesmo, para uma sociedade na qual há apropriação de bens, prevalência do mais forte sobre o mais fraco, corrupção e degradação da espécie humana, ou seja, a passagem do estado de natureza para uma ordem social.