Este artigo se propõe a refletir sobre a possibilidade de a biotecnologia
promover uma nova forma de criação do humano e sobre
como isso pode alterar a compreensão ética do que significa ser
humano. Tendo como pano de fundo a contraposição entre duas idéias
de humano – como sujeito ativo da seleção e como sujeito moral dotado
de autonomia, autenticidade e autocompreensão ética da espécie –, o
objetivo é analisar os argumentos apresentados por dois importantes
filósofos contemporâneos acerca da biotecnologia. Apresento e contraponho
os argumentos do debate entre Peter Sloterdijk, no texto Regras
para o parque humano, e Jürgen Habermas, na obra O futuro da natureza
humana, identificando e debatendo suas posições acerca do papel
das biotecnologias para o futuro da humanidade.
This paper aims at thinking the possibility of the biotechnology
to promote a new form of human creation and how it can change
the ethical understanding of what it means to be human. Starting from
the contrast between two different concepts of human – as an active
subject of selection and as a moral subject –, the objective here is to analyze
the arguments presented by two contemporary philosophers about
biotechnology. I present and contrast the arguments of the controversial
debate between Peter Sloterdijk and Jürgen Habermas, in order to identify
and discuss their perspectives on the role of biotechnology in the
future of humanity.