Globalização e liberalização comercial têm consequências abrangentes para o emprego, segurança do trabalho, meio ambiente, levando a processos com impactos de gênero desiguais. Partindo de uma abordagem feminista, este artigo analisa o potencial impacto do último Acordo UE-Mercosul na desigualdade de gênero. Esta pesquisa realiza um estudo de caso qualitativo com foco no Mercosul, onde as mulheres enfrentam já fortes desigualdades econômicas estruturais. Este artigo argumenta que a adoção de uma abordagem de integração de gênero é essencial para a promoção de um instrumento comercial inter-regional que contribua com o empoderamento econômico das mulheres. As principais conclusões revelam que os setores afetados pela liberalização do comércio são sensíveis à participação feminina. Ainda assim, a análise mostrou que o texto negociado é cego no que tange às oportunidades e desafios que a liberalização do comércio inter-regional representa para homens e mulheres, pelo menos no caso do Mercosul. Como o documento está pendente de ratificação, ele pode ser modificado. Portanto, a UE e o Mercosul ainda poderiam adotar disposições que considerem o impacto desigual de gênero do acordo, fortalecendo a igualdade de gênero no Sul global.
Globalization and trade liberalization have wide-ranging effects on employment, labor security, the environment, leading to processes with uneven gender consequences. Departing from a feminist approach, this study analyzes the potential impact of the latest EU-Mercosur Agreement on gender inequality. This research conducts a qualitative case- study focusing on the Mercosur, where women face already strong structural economic inequality. It argues that the adoption of a gender mainstreaming approach is essential for promotion of an interregional trade instrument that contributes to women’s economic empowerment. The main findings reveal that the sectors affected by trade liberalization are sensitive to female participation. Yet, the analysis has shown that the draft text negotiated is blind the unequal opportunities that interregional trade liberalization poses to men and women, at least in the case of the Mercosur. As the document is pending ratification, it can be modified. Therefore, the EU and Mercosur still could adopt provisions that account for the uneven gender impact of the agreement, fostering gender equality in the global South.