Este trabalho tem por intuito discutir o processo de constituição subjetiva a partir da perspectiva de assumpção do lugar de sujeito, no uso de pronomes pessoais, nos diaÌlogos de berço da matriz relacional mãe-bebeÌ‚. Fundamentados na abordagem estrutural de De Lemos que destaca o papel das instaÌ‚ncias discursivas para a constituição subjetiva na dialogia mãe-bebeÌ‚, bem como em Lacan, no que diz respeito ao estaÌdio do espelho, que concebe a constituição do Eu a partir do olhar do Outro. Nesta relação proposta por Lacan, o que sustenta a imagem do bebeÌ‚ eÌ a interpretação materna deste, eÌ a inserção deste bebeÌ‚ na fala materna. Fala esta caracterizada por uma melodia proÌpria, concebida como manheÌ‚s (NASLAVSKY & CAVALCANTE, 2003). Este estaÌdio ilustra detalhadamente o momento inaugural de constituição do eu da criança, experieÌ‚ncia pela qual passa o bebeÌ‚ entre seis e dezoito meses, periÌodo que prefigura uma totalidade corporal por meio da percepção da proÌpria imagem no espelho, quando reconhece e vivencia a imagem de seu corpo no espelho como sendo sua proÌpria imagem. Assim, analisamos dados longitudinais de uma diÌade mãe- bebeÌ‚ ao longo de 36 meses de vida da criança. Resultados mostram que ao analisar o uso dos pronomes pessoais na relação dialoÌgica eÌ possiÌvel compreender os papeÌis discursivos assumidos na interação como constitutivos da proÌpria subjetividade.