Este artigo discute as implicações que as disputas da classe média rural determinam à ação pública, sobretudo à ressignificação da Agricultura Familiar enquanto categoria sociopolÃtica. Valendo-se de pesquisa documental e bibliográfica, busca-se resgatar a trajetória histórica das polÃticas para o meio rural a fim de compreender como foram forjados os atuais referenciais de polÃticas para o desenvolvimento rural. Ademais, demonstra-se que em termos de embates polÃticos, as recentes interpretações acerca da classe média rural visam sustentar e legitimar as ações de um ou outro referencial de desenvolvimento rural. Verifica-se que as interpretações têm questionado a capacidade de reprodução social dos agricultores mais pobres por vias de incremento produtivo e evidenciam o aumento da participação de polÃticas sociais na composição da renda desses indivÃduos. Isso tem conduzido à disputa de uma ampla base social e polÃtica a fim de legitimar as ações e os recursos destinados a determinadas polÃticas e também ao questionamento da classe média identificada e abarcada pela categoria Agricultura Familiar.
This paper discusses the implications for public action of the disputes over the rural middle class in the last decade. Drawing on documentary and bibliographic research, it analyses the recent trajectory of policies for rural areas. It argues that despite different theoretical and political backgrounds, some referentials have privileged agricultural and productivist justifications, converging to legitimize the orientation of policies, even those specifically directed to family farmers, to a more capitalized segment of farmers, the "new" rural middle class. This process occurred at the expense of a closer understanding of the rural diversity, as well as the other legitimate justifications that could guide the public support to other segments.