O meu amigo Koellreutter de Gilberto Mendes Viagem às nascentes dos sentidos

Revista da Tulha

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ISSN: 2447-7117
Editor Chefe: Marcos Câmara de Castro; Eliel Almeida Soares
Início Publicação: 02/01/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

O meu amigo Koellreutter de Gilberto Mendes Viagem às nascentes dos sentidos

Ano: 2018 | Volume: 4 | Número: 2
Autores: Maria Yuka de Almeida Prado
Autor Correspondente: Maria Yuka de Almeida Prado | [email protected]

Palavras-chave: Canção brasileira, Gilberto Mendes, Hans-Joachim Koellreutter, Brasil e Japão, análise musical para performance.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Gilberto Mendes (1922-2016), compositor brasileiro da segunda metade do século XX, criou a obra O meu amigo Koellreutter, para voz feminina, marimba e piano, no ano de 1984, em comemoração ao septuagésimo aniversário de Hans-Joachim Koellreutter. Trata-se de uma canção sem palavras, em que a ausência de texto faz aflorar as múltiplas interpretações, não delimitadas por um código verbal específico. Vislumbra-se, dessa forma, a universalidade dos sentidos primordiais da voz. Nela se evidenciam as nuances sutis do pentatonismo numa estrutura minimalista, trazendo à tona a influência de certa musicalidade japonesa. O compositor da canção, na busca por uma poética pessoal, a ser construída a partir de influências cosmopolitas, encontra-se com outro agitador cultural, ávido também na procura de questões instigantes em relação à modernidade: Koellreutter. Nasceu na Alemanha, em 1915, atuando inicialmente como flautista. A vinda ao Brasil, em 1937, deveu-se ao nazismo que assolava o país. Professor de vários compositores e educadores de música no Brasil, fez parte do Música Viva, intenso movimento de revitalização artística, pedagógica e cultural. O contato com o Japão, na década de 50, permitiu-lhe vivenciar um modelo de sincretismo entre o tradicional e o novo, o ocidente e o oriente. Gilberto Mendes encontra, nessa fusão cultural de Koellreutter, um motivo para a sua composição musical, recriando de forma lúdica, a partir de uma perspectiva brasileira, um modo de traduzir o Japão. Da imanência à manifestação, a atmosfera japonesa ganha corpo na produção da canção brasileira.



Resumo Inglês:

Gilberto Mendes (1922-2016), a Brazilian composer of the second half of the twentieth century, created the work O meu amigo Koellreutter for  female  voice,  marimba,  and  piano  in  1984  to  commemorate  the  seventieth  birthday  of  Hans-Joachim  Koellreutter.  O  meu  amigo Koellreutter is a song without words in which the absence of text brings out multiple interpretations not limited to a specific verbal code. One glimpses  thus  the  universality  of  the  primary  senses  of  the  voice.  The  subtle  nuances  of  pentatonicism  combined  with  a  minimalist  structure  reveal  the  influence  of  a  certain  Japanese  musical  style. With O meu amigo Koellreutter, Mendes,  in  search  of  his  own  compositional  poetics  built  from  cosmopolitan  influences,  encounters  another  cultural  activist also eager to introduce thought-provoking ideas regarding modernity: Koellreutter. Koellreutter was born in Germany in 1915 and worked as a professional flutist during his early years, moving to Brazil in 1937 due to the Nazi rule in Germany. In Brazil as a professor of various composers and music educators, Koellreutter formed an integral part of the Música Viva,  a  musical  movement  of  intense  artistic,  educational,  and  cultural  revitalization. Contact with Japan in the 1950s allowed him to experience a model of syncretism between both the traditional and the new and East and West. In Koellreutter’s cultural fusion, Gilberto Mendes finds a purpose for his own style of musical composition, suggesting in a playful manner, from a Brazilian perspective, a new way of decoding Japan. The influence and history behind Mendes’ O meu amigo Koellreutter demonstrates how, from imminence to manifestation, a Japanese atmosphere is embodied in the production of the Brazilian art song genre.