Esse ensaio focaliza a relação entre raça e política no Brasil a partir de uma releitura do livro Discriminação e desigualdades raciais no Brasil, publicado em 1979, por Carlos Hasenbalg. O que ganha destaque na abordagem de Hasenbalg é a dimensão política do racismo, o que permite pensar esse fenômeno em termos estruturais, isto é, enquanto um sistema de opressão e de dominação. Interessa-nos recuperar essa discussão com o objetivo de explicitar a importância do mito da democracia racial para a elite brasileira e refletir sobre os impasses que os movimentos negros encontram para empreender a luta antirracista no Brasil, no período atual. Esse mito tornou possível ocultar o conflito racial, o que permitiu relegar o racismo à esfera privada, fazendo com que no senso comum ele exista apenas enquanto casos isolados de preconceito e de discriminação racial.