O Mito da Deusa Pirichuchio: entre a Ficção e a Realidade

Afros & Amazônicos

Endereço:
Avenida Presidente Dutra - Campus José Ribeiro Filho - BR 364, Km 9,5
Porto Velho / RO
76801-059
Site: https://www.periodicos.unir.br/index.php/afroseamazonicos/index
Telefone: (69) 9285-2787
ISSN: 2675-6862
Editor Chefe: Rogério Sávio Link
Início Publicação: 24/09/2020
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

O Mito da Deusa Pirichuchio: entre a Ficção e a Realidade

Ano: 2021 | Volume: 2 | Número: 4
Autores: María del Pilar Gamarra Téllez
Autor Correspondente: María del Pilar Gamarra Téllez | [email protected]

Palavras-chave: Tahuantinsuyu, Mitología, Cultura popular, Memoria

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na Amazônia boliviana, uma longa tradição oral perduara entre as comunidades indígenas/camponesas. Muito desse legado das culturas antigas nos é transmitido através de mitos, histórias e lendas. Entre eles, um dos mais destacados é o do “Pirichuchio”. Narrativa que perdurou cinco séculos na memória coletiva, porque há pouco tempo foi apresentado o acontecimento do encontro de uma camponesa com um ser excepcional, que ela e a comunidade atribuíram ser esse ser. O texto aqui apresentado relaciona duas versões do mito (séculos XVII e XX). O tema principal não é apenas a narrativa fabulosa e fantasiosa da origem de Pirichuchio, o que é essencial é sua relação com a entrada dos conquistadores do Império Tahuantinsuyu na área. O mito evocaria a resistência que os habitantes dos Antis, os “chunchos”, poderiam apresentar. Esse ser alado encarnaria um rei-sacerdote, um rei-xamã iniciado por um amaru (serpente), um brasão Inka e um símbolo do Oriente. Ambas as analogias, rei-xamã/rei-sacerdote, remeteriam às formas de organização dessas sociedades amazônicas, como mostram os estudiosos da etnia tacana.



Resumo Inglês:

In the Bolivian Amazon, a long oral tradition remains among the indigenous/peasant communities. Hence, much of the legacy of ancient cultures has been transmitted to us through myths, stories and legends. Among these, one of the most outstanding is that of the “pirichuchio”. Narrative that has persisted, five centuries in the collective memory, since a short time ago an event of the encounter of a community member with an exceptional being was presented, which she and the her community attributed to be that magical being. The text presented here relates two versions of the myth (17th and 20th centuries). The main theme is not only the fabled, fanciful narrative of the origin of the pirichuchio, what is essential is its relationship with the entry of conquerors from the Tahuantinsuyu Empire into the area. The myth would evoke the resistance that the inhabitants of the Antis, the “chunchos”, could present. This winged being would embody a priest-king, a shaman-king initiated by an amaru (serpent), an Inka coat of arms and a symbol of the East. Both analogies, shaman-king/priest-king, would refer to the organizational forms of these Amazonian societies, as shown by scholars of the Tacana ethnic group.



Resumo Espanhol:

En la Amazonía boliviana permanece entre las comunidades indígenas/campesinas una prolongada tradición oral. De ahí que, gran parte del legado de las culturas ancestrales nos ha sido transmitido a través de mitos, cuentos y leyendas. Entre estos una de los más destacados, es el de la “pirichuchio”. Narrativa que ha persistido cinco centurias en la memoria colectiva, pues hace poco tiempo se presentó el hecho del encuentro de una comunaria con un ser excepcional, que ella y la comunidad atribuyeron sea este ser. El texto aquí presentado relaciona dos versiones del mito (siglo XVII y XX). El tema principal no es solamente la narrativa fabulada, fantasiosa del origen de la pirichuchio, lo esencial es su relación con el ingreso de conquistadores del Imperio del Tahuantinsuyu al área. El mito evocaría la resistencia que pudieron presentar los pobladores de los Antis, los “chunchos”. Este ser alado encarnaría a un rey-sacerdote, un rey-shamán iniciado por un amaru (serpiente), blasón inka y símbolo del Oriente. Ambas analogías, rey-chamán/rey-sacerdote, haría referencia a las formas organizativas de esta sociedades amazónicas, como demuestran estudiosos de la etnia Tacana.