A Guerra Sertaneja do Contestado (1912-1916) foi um acontecimento marcante na história brasileira, em especial na catarinense, em decorrência da sua natureza híbrida, que repousa sobre expectativas milenaristas e religiosas somadas ao descontentamento político e a opressão. Tais elementos são constantes na recente discussão historiográfica sobre a realidade cabocla. Esse trabalho tem por objetivo analisar as disputas pelo monopólio da relação com a transcendência produzida no embate entre o Ultra-montanismo Romano e o Cristianismo Rústico Caboclo, com apoio das considerações sobre gênese e estrutura do campo religioso de Pierre Bourdieu. Neste contexto, Franciscanos e monges caboclos emergem como principais protagonistas de uma querela religiosa que repousa sobre diferentes concepções de mundo que entra em crise na conjuntura da recém-estabelecida República Brasileira.
The Contestado War (1912-1916) was a remarkable event in Brazilian history, especially in Santa Catarina, due to its hybrid nature, which rests on millenarian religious expectations and added to the political discontent and oppression. These elements are constant in recent historiographical discussion about backland reality. This work aims to analyze disputes the monopoly of the relationship with transcendence produced in the clash between the Roman Ultra-Montanism and Rustic Christianity, with support from consideration of the genesis and structure of the religious field produced by Pierre Bourdieu. In this context, the Franciscans and caboclo monks emerge as the main protagonists of a religious dispute that rests on different conceptions of the world is crisis, in the context of the newly established Brazilian Republic.