No início de 1964, três meses antes de o governo republicano brasileiro ser derrubado por uma insurreição militar, no início de um regime de vinte e um anos, manchetes celebravam uma operação de saneamento conduzida pela cidade-Estado do Rio de Janeiro: tratava-se de um incêndio controlado, operado pelo corpo de bombeiros local e que consumiu os restos da Favela do Pasmado, cujos habitantes haviam sido transferidos à força para conjuntos habitacionais na porção ocidental da cidade ao longo das semanas que precederam o evento. Entre a remoção do Pasmado e a escolha da cidade para sediar a XX Copa do Mundo de Futebol e a XXXI Olimpíada, este estudo procura analisar duas versões do Rio de Janeiro como virtualidades: uma proposta pelo Correio da Manhã, a outra proposta por uma miríade de vozes da militância política das favelas desde o restabelecimento das instituições democráticas.
In early 1964, three months before the Brazilian republic would be overthrown by a military insurrection in the onset of a 21-year regime, headlines celebrated a sanitation operation conducted by the city-State of Rio de Janeiro: it consisted in a controlled fire, operated by the local fire department, and consumed the remains of the Favela of Pasmado, whose inhabitants had been forcibly transferred to housing complexes established in the western portion of the city in the weeks preceding the event. Between the eradication of Pasmado and the City’s being chosen to host of the XX Association Football World Cup and the XXXI Olympiad, this study seeks to analyse different versions of Rio de Janeiro as virtualities: one proposed by the Correio da Manhã, the other proposed by a myriad voices from the contemporary favela militancy since the reestablishment of democratic institutions.