As vozes que questionam o positivismo e a inabilidade de seus instrumentos teórico-analíticos em conceitualizar o dinamismo do mundo contemporâneo vem de distintos lugares com agendas diversas. Um compromisso ético, que reconheça o caráter ideológico e subjetivo da empresa científica e acredite na negociação dos limites da participação na interação e uma agenda política, responsável pelos efeitos da pesquisa, comprometida com a mudança e com a desnormativização da sociedade estão entre essas vozes de mudança e entre as perspectivas discutidas no texto. Advogando uma metodologia híbrida, indisciplinar que respeita as sensações e sentimentos como legítimos produtores de saber e que aposta no desejo e no erotismo como fonte de inspiração, é discutida a necessidade de desaprender enferrujados paradigmas para que as teorizações sociais não sejam anacrônicas ao seu tempo. Será defendido o reconhecimento da subjetividade, do corpo e dos desejos do investigador como inflexões de produção de conhecimento. Assim como estão em pauta a produção e sustentação da distinção entre sujeito e objeto na narrativa científica, o nível de envolvimento do pesquisador com práticas estudadas e os efeitos de sua presença no campo. Alguns desafios pós-modernos à etnografia serão discutidos com base nos exemplos extraídos de uma netnografia sexual.
Voices that question positivism and the inability of its theoretic-analytic instruments to conceptualize the dynamism of the contemporary world come from different places with various agendas. Ethical commitment which recognizes the 142Gleiton Matheus Bonfante Temáticas, Campinas, 22, (44): 141-176, ago/dez. 2014ideological and subjective nature of scientific enterprise and believes that boundaries of participation are not pre-arranged, as well as a political agenda, responsible for the social effects of research and devoted to change and to denormatizing society are among these voices and among the perspectives discussed in the text. Arguing for a hybrid and undisciplinary methodology which respects sensations and feelings as rightful producers of knowledge, and which salutes desire and eroticism as sources of inspiration, we discuss the need for unlearning rusty paradigms in order to prevent social theorization from becoming anachronic.Recognition of subjectivity, of the body and of the researcher’s desires will be advocated as inflexions of the production of knowledge. The researcher’s level of involvement with the practices they study and the effects of their presence in the field are also key issues, as well as a critique to the maintenance of distinction between subject and object in the scientific narrative. These post-modern challenges to ethnography will be discussed based on examples from a netnography.