O Outro da comunicação: intersubjetividade em Vilém Flusser

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ISSN: 1807-8583
Editor Chefe: Basílio Sartor / Suely Fragoso
Início Publicação: 31/12/1996
Periodicidade: Mensal
Área de Estudo: Comunicação

O Outro da comunicação: intersubjetividade em Vilém Flusser

Ano: 2020 | Volume: 0 | Número: 51
Autores: Tiago Quiroga, Guilherme Policena
Autor Correspondente: Tiago Quiroga | [email protected]

Palavras-chave: Alteridade, Comunicação, Comunicologia, Flusser, Intersubjetividade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Tensionado pela irrupção da Covid-19 – fenômeno que intensifica não apenas a relação com o Outro nas redes telemáticas, mas o próprio desafio de interpretá-la desde suas variadas implicações –, o texto apresenta a ideia de intersubjetividade no pensamento de Vilém Flusser. Para o filósofo tcheco-brasileiro, na transição de uma cultura tecnicamente estruturada, em que pese ter decaído para uma região antropológica reduzida, na qual se mantém ainda mais oculto, é necessário reconhecer o outro no enfrentamento das redes telemáticas. Diferente de certa tradição grega ou iluminista, Flusser sugere que tais protocolos não produzem apenas uma interobjetividade, mas uma intersubjetividade em que o outro, mesmo resultando das interações técnicas, responde a uma significação ética e existencial. Em termos metodológicos, o artigo se divide em dois grandes gestos: (1) exposição dos fundamentos teóricos da intersubjetividade que constituem a trajetória de Flusser da filosofia a uma teoria geral da comunicação (ou comunicologia) – esta última buscando conciliar os processos de codificação e decodificação (informação) justapostos à produção de sentido; (2) apresentação da intersubjetividade em diferentes níveis ontológicos: no pensamento, na relação, no conhecimento e, por fim, nas redes telemáticas. Conclui-se que a fortuna teórica de Flusser sobre a intersubjetividade contribui para uma resposta ética à problemática da alteridade no contexto das redes do século XXI, assim como para o desenvolvimento de uma ciência da comunicação, endereçada a uma temporalidade dinâmica, entrelaçada com a tecnologia.



Resumo Inglês:

Tensioned by the outbreak of Covid-19 ― a phenomenon that intensifies not only the relationship with the Other in telematic networks, but the challenge of interpreting it from its several implications ―, this paper outlines the concept of intersubjectivity in Vilém Flusser’s thought. Flusser thinks that, in the transition to a technically structured culture, it is necessary to recognize the other when confronting telematic networks, despite it having fallen to a minor anthropological region, in which it remains even more out of sight. Unlike a certain Greek or Enlightenment tradition, Flusser suggests that such protocols do not only produce an interobjectivity, but an intersubjectivity in which the other, even when it is entangled with technical interactions, responds to an ethical and existential meaning. The article is divided into two major parts: first, we explain the theoretical foundations for Flusser’s approach to intersubjectivity along his trajectory from philosophy to a general theory of communication (or communicology), by which he seeks to combine an understanding of encoding and decoding processes (information) with an understanding of meaning-making. We then approach intersubjectivity across different ontological levels: intersubjectivity in thought, in relation, in knowledge and, finally, in telematic networks. We conclude that Flusser's theoretical fortune on intersubjectivity contributes to an ethical response to the problem of alterity in the context of 21st century networks, as well as to the development of a communication science, addressed to a dynamic temporality, intertwined with technology.