O conflito de interesses é característico do processo político. Quando esse conflito se torna tão agudo que rompe a comunidade, nós temos o que os gregos chamavam de “stásis”, a dissensão política. Investigo neste texto a causa desse fenômeno a partir de Aristóteles. Argumento que Aristóteles enxerga a vida política como dividida fundamentalmente entre os interesses democráticos e os interesses oligárquicos. Assim, a stásis resulta da postura limítrofe de cada uma das facções diante do conflito. Na sequência, utilizo a teoria aristotélica para analisar o dissenso político nas sociedades modernas. Apresento a tese de que a modernidade oculta o conflito democrático-oligárquico sob a alegação do sucesso distributivo do mecanismo de mercado. Concluo que as razões para o dissenso político, entretanto, continuam vivas, a despeito do seu encobrimento.