A noção de linguajar oferece uma nova compreensão da relação íntima entre socialidade e linguagem. Neste artigo, abordo a emergência evolutiva da linguagem, assumindo a teoria autopoiética da deriva natural. Mostro que essa abordagem sistêmica da evolução oferece o background epistemológico ideal para avaliar o papel do linguajar no processo de hominização. A ideia central é que o modo de vida baseado no linguajar agiu como um atrator para o processo evolutivo. Essa reivindicação depende de três suposições interrelacionadas: 1) hábitos comportamentais e relacionais podem canalizar o curso de mudanças genéticas e estruturais; 2) a coordenação recursiva e formas específicas de socialidade definem as condições sistêmicas para a coexistência-pelo-linguajar a ser conservada ao longo de gerações; 3) a conservação dessas condições sistêmicas dão origem a um processo de feedback positivo em espiral que envolve o corpo, a cognição, e a cultura.