À primeira vista, assuntos como o fundamentalismo religioso e a questão de gênero se excluem e se ignoram. O primeiro nasceu e se desenvolveu como reação a qualquer pretensão de modernidade. É uma atitude de prevenção e fechamento a qualquer mudança. A segunda (a questão de gênero) é justamente uma exigência de paridade social e de relação humana, em que antes tal questão não era prevista.
Por sua própria natureza profética, a relação de gênero rompe tabus e suscita mudanças sociais, impossíveis de serem alcançadas no passado idealizado pelos fundamentalistas. Fundamentalismo e questão de gênero se excluem, seja quando se trata de fundamentalismo político nacionalista ou de fundamentalismo econômico, ou o mais espalhado de todos: o fundamentalismo religioso. Entretanto, não basta dizer isso. O assunto é mais complexo. Embora não me sinta especialista nem em um tema nem no outro, proponho-me conversar com vocês sobre as implicações de uma questão sobre outra e, se for possível, delinear algumas perspectivas. Tomarei aqui como questão o fundamentalismo religioso e suas implicações para as questões de gênero. Por questão de ética, não aceito escrever sobre situações internas de outras religiões que não sigo. Mesmo se, por cuidado ecumênico, eu aludir a situações que existem em várias religiões, devo, por exigência ética, me restringir ao fundamentalismo religioso nas igrejas cristãs. Escrevo estas linhas como provocação ao diálogo e, portanto, deixarei este texto, propositadamente, incompleto e aberto.
At first sight, subjects such as religious fundamentalism and gender issue mutually exclude and ignore themselves. The former was born and developed as a reaction to any pretension of modernity. It is an attitude of prevention and closing to any change. The latter (the gender issue) is precisely a demand of social parity and of human relation, when such question was not yet foreseen. Due to its prophetic nature, the gender relation tears down taboos and rouses social changes, something impossible to be accomplished in the past idealized by the fundamentalists. Fundamentalism and gender issue mutually exclude themselves, whether it is the nationalist political fundamentalism, the economical fundamentalism, or the most divulged one: the religious fundamentalism. However, it is not enough to say so. The subject is a more complex one. Although I am not an expert on either issues, I propose myself to talk to you about the implications of one issue over the other, and, if possible, to draw some perspectives. Here, the issue will be the religious fundamentalism and its implications for the gender issues. Out of ethics, I do not accept writing about internal situations of religions other than mine. Even if, out of ecumenical care, I allude to situations that exist in several religions, I must, out of an ethical demand, restrict myself to religious fundamentalism in the Christian churches. I write these lines as a provocation to dialog, and, thus I will purposely leave this text incomplete and open.
A primera vista, temas como el fundamentalismo religioso y la cuestión de género se excluyen y se ignoran. El primero ha nascido y desarrollado como reacción a cualquiera pretensión de modernidad. Es una actitud de prevención y cierre a cualquier cambio. La segunda (la cuestión de género) es precisamente una exigencia de paridad social y de relación humana, adonde antes dicha cuestión no estaba prevista. Por su propia naturaleza profética, la relación de género rompe tabús y suscita cambios sociales, imposibles de ser alcanzados en el pasado idealizado por los fundamentalistas. Fundamentalismo y cuestión de género se excluyen, sea cuando se trata de fundamentalismo político nacionalista o de fundamentalismo económico, o el más diseminado de todos: el fundamentalismo religioso. Entretanto, no basta decir eso. El tema es más complejo. Aunque yo no sea un especialista en cualquier de los temas, me propongo a conversar con vosotros sobre las implicaciones de una cuestión sobre la otra y, caso sea posible, delinear algunas perspectivas. Aquí tomaré como cuestión el fundamentalismo religioso y sus implicaciones para las cuestiones de género. Por una cuestión ética, no acepto escribir sobre situaciones internas de otras religiones que no son las mías. Aunque si, por cuidado ecuménico, yo aluda a situaciones que existen en varias religiones, yo debo, por exigencia ética, restringirme al fundamentalismo religioso en las iglesias cristianas. Escribo estas líneas como provocación al diálogo y, por lo tanto, intencionalmente, dejaré este texto incompleto y abierto.