Espaço de divulgação dos novos escritores, as polêmicas jornalÃsticas são documentos do cotidiano intelectual oitocentista, descortinando, nas linhas e entrelinhas, o sistema de produção literária, as referências estéticas do perÃodo, os compromissos polÃticos, os afetos e desafetos pessoais. Na tentativa de elaborar a palavra primordial de um império incipiente, as palavras de Gonçalves de Magalhães, Manuel de Araújo Porto Alegre, José de Alencar e Joaquim Nabuco se cruzam, na corte carioca, numa conivência explÃcita ou indireta ao projeto cultural de D. Pedro II. Personagens de uma crÃtica em forma de folhetim, seus argumentos combatem pela descoberta do texto e da palavra americanos, vozes que não disfarçam o sotaque europeu. Radar dos diversos matizes do problema da nacionalidade literária, a polêmica reflete um processo simultâneo de reflexão e criação, onde, à s vezes, a própria teoria inventa seu objeto de crÃtica. O humor exaltado de José de Alencar, o mais independente do mecenato imperial, foi um elo condutor de polêmicas travadas nos jornais, exercÃcios esporádicos e descritivos de uma identidade que precisou, durante todo o século XIX, ser afirmada no cenário da importação.