O presente artigo visa traçar as linhas gerais do problema de demarcação, tal qual abordado por Karl Popper, partindo de uma exposição da insuficiência da Lógica Indutiva para distinguir os sistemas teóricos da ciência empírica dos sistemas não-científicos. Para tanto, propomos um percurso argumentativo tripartite. Na primeira seção, introduzimos o problema da indução, tal como circunscrito pela obra de Hume. Na segunda, discutimos, por um lado, a tentativa de legitimar as inferências indutivas pelo estabelecimento de um princípio de indução e, por outro, as possíveis objeções à estrutura e aplicação científica desse princípio. Ao final, tendo explicitado o problema subjacente às tentativas de fundamentar o caráter empírico das ciências em métodos indutivos, a terceira seção delineia a tentativa popperiana de responder a esse problema, postulando a falseabilidade como critério para distinguir a ciência empírica dos sistemas teóricos não-científicos.