No seu Ensaio sobre o entendimento humano, John
Locke apresentou pela primeira vez um problema que até os dias
de hoje é discutido por filósofos, médicos e neurocientistas. Esse
problema ficou conhecido como “problema de Molyneuxâ€, em
homenagem ao correspondente de Locke que propôs a inserção
dele no Ensaio. Em linhas gerais, o problema pergunta se seria
possÃvel, a um homem adulto que enxerga pela primeira vez
na vida, reconhecer através da visão objetos que conhecera
anteriormente através do tato. No presente artigo, pretendo
descrever a história do problema na correspondência de Locke
com o objetivo de apontar que a resposta dada por ele não pode
ser tratada como uma consequência natural do seu sistema.
In his Essay concerning humam understandingJohn
Locke presented for the first time a problem that until the present
day is debated by philosophers, doctors and neuroscientists. It
became known as “Molyneux’s Problemâ€, as a homage to the
correspondent who proposed its insertion in the Essay. In general
terms, the problem asks if it would be possible to a man, who sees for the first time in his life, to recognize through vision objects
that he knew through touch. In the present article, I intend to
describe the history of the problem in Locke’s correspondence
with the purpose of pointing that his answer cannot be treated as
a natural consequence of his system.