Os debates acerca do capitalismo no contexto de sucessivas crises da globalização neoliberal, apesar de
negligenciados pela literatura de gestão estratégica (GE), são de central importância para estrategistas e
acadêmicos de economias emergentes. Informados pela hegemonia do capitalismo histórico ocidental e, em
resposta à vinculação da literatura de GE dos EUA aos discursos do capitalismo neoliberal como opção única, a
literatura europeia abraçou a teoria de variedades de capitalismo e construiu a abordagem de estratégia como
prática social. Por meio de um diálogo com a área de estudos internacionais, este artigo discute que a hegemonia
euro-americana contemporânea em GE ajuda a construir a autoridade legÃtima de estrategistas das grandes
corporações, tanto a invisibilizar estrategistas euro-americanos de Estado quanto a deslegitimar estrategistas e
organizações do resto do mundo que representam outros tipos de capitalismo ou alternativas ao ocidentalismo
histórico. Ao final, os autores argumentam que o campo de estratégia no Brasil deve fomentar uma perspectiva de
geopolÃtica do conhecimento em estratégia que ajude a superar algumas das restrições impostas pelo capitalismo
histórico ocidentalista e a permitir a difusão de outros tipos de capitalismo e alternativas não ocidentalistas.
The many debates about capitalism within the context of the successive crises of neoliberal globalization, although
overlooked by the field of strategic management (SM), are of central importance to strategists and academics from
emerging economies. In response to the way SM in the US has been linked to discourses portraying neoliberal
capitalism as the only option, European literature has embraced the perspective of varieties of capitalism and
developed the strategy as practice approach. Through a dialogue with international studies, this article argues that
the Euro-American contemporary hegemony in GE helps build the legitimate authority of strategists from large
corporations and keep Euro-American state strategists invisible and delegitimizes strategists and organizations
from the rest of the world that represent other types of capitalism or alternatives to the Occidentalist order. In the
end, the authors posit that the strategy field in Brazil might foster a geopolitical perspective on GE that could
overcome some of the restraints imposed by historic capitalism and enable the diffusion and legitimation of other
types of capitalism and non-Occidentalist alternatives.