Examinamos o modo como tem sido operacionalizada a educação financeira, instituída como Política Pública do Estado brasileiro pelo Decreto Federal 7.397/2010, atentando para seus efeitos na constituição dos sujeitos de consumo na contemporaneidade. Selecionamos: I) o depoimento de um membro do grupo de autoajuda conhecido como Devedores Anônimos; II) o teste em um folheto disponibilizado pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON); III) o manual de Prevenção e tratamento do superendividado, editado pela Escola Nacional de Defesa do Consumidor. O referencial teórico adotado na pesquisa é o pós-estruturalista e de inspiração foucaultiana. A metodologia empregada na produção e análise dos dados envolve a operação com noções como tecnologia do eu, governo, risco, entre outras. Os resultados obtidos permitiram o mapeamento de três ações – o narrar-se, o julgar-se, o dominar-se – requeridas dos indivíduos envolvidos nas atividades pedagógicas promovidas pela Estratégia Nacional de Educação Financeira. Pudemos inferir que as diferentes estratégias relacionadas à consciência para o consumo podem ser compreendidas como modos de conduzir a conduta dos consumidores tornando-os sujeitos confessantes - forma de instrumentalizá-los para o autogoverno.
We examine the way in which financial education, instituted as Public Policy of the Brazilian State by Federal Decree 7.397 / 2010, has been operationalized, paying attention to its effects on the constitution of consumption subjects in the contemporary world. We have selected: I) the testimony of a member of the self-help group known as Anonymous Debtors; II) the test available in a leaflet provided by the Foundation for Consumer Protection and Defense (PROCON); III) the manual of Prevention and treatment of the over-indebtedness edited by the National School of Consumer Protection. The theoretical framework adopted in the research is poststructuralist and of Foucaultian inspiration. The methodology used in the production and analysis of the data involves the operation with notions such as technology of the self, government, risk, among others. The results obtained allowed the mapping of three actions - the narrating, the judging, the mastering - required of the individuals involved in the pedagogical activities promoted by the National Strategy of Financial Education. We could infer that different strategies related to consumer consciousness can be understood as ways of conducting consumer behavior by making them confessional subjects - a way of instrumentalizing them for self-government.