Resumo: Na segunda metade do século XX, o Brasil sofreu profundas transformações sociais no meio rural. O problema da falta de acesso à propriedade da terra, vivenciado por milhões de brasileiros foi, aos poucos, se tornando um tema bastante debatido entre vários setores da sociedade. Dentre eles, a Igreja Católica que, preocupada com os rumos que a discussão estava tomando e com o intuito de se antecipar à revolução, convocou, em setembro de 1950, a I Semana Ruralista realizada na cidade de Campanha (MG). Durante os anos seguintes, o debate sobre a reforma agrária foi ganhando cada vez mais espaço dentro do seu corpo hierárquico. Em 1951, foi publicada a pastoral coletiva assinada por 113 bispos. Em 1952, os arcebispos, bispos e prelados, do Vale do São Francisco se reuniram em Aracaju. Em setembro de 1954, a II Assembleia Geral da CNBB lançou o primeiro documento sobre o tema: A Igreja e a reforma agrária. Em 1956, os bispos nordestinos se reuniram na cidade de Campina Grande (PB) e, em 1959, na capital do Rio Grande do Norte. A partir de 1960, os encontros dos bispos passaram a ser convocados pela própria CNBB. Em dezembro de 1960, ocorreu o encontro dos arcebispos e bispos da Província Eclesiástica de São Paulo. Em 1960, o professor Plínio de Oliveira, juntamente Dom Castro Mayer, bispo de Campos (RJ) e dom Geraldo Proença Sigaud, bispo de Diamantina (MG), se posicionaram contrários à proposta de reforma agrária que estava sendo elaborada pela CNBB. Em julho de 1961, foi a
vez dos bispos do Vale do Rio Doce, no Estado de Minas Gerais. Em outubro de 1961, o presidente da CNBB, Dom Jaime Câmara, convocou a Comissão Central da CNBB para refletir sobre a publicação da encíclica Mater et Magister . Em 30 de abril de 1963, a Comissão Central da CNBB voltou a se pronunciar motivado pela publicação da segunda encíclica de João XXIII, Pacem in Terris. Durante o governo de João Goulart (1961-1964) foi aprovado o estatuto do trabalhador rural e, a Igreja, apoiou as Reformas de Base. A pesquisa seguirá a ordem cronológica dos fatos que ocorreram entre os anos de 1950 e 1964 e serão feitas uma análise dos documentos eclesiais e bibliografias sobre o assunto.
Abstract: In the second half of the twentieth century, Brazil underwent profound social transformations in rural areas. The problem of the lack of access to land ownership, experienced by millions of Brazilians, has gradually become a much debated topic among various sectors of society. Among them, the Catholic Church, which was concerned with the course the discussion was taking and with the intention of anticipating the revolution, convened in September 1950, the First Ruralist Week held in the city of Campanha(MG). During the ensuing years the debate over agrarian reform was gaining more and more space within its hierarchical body. In 1951 was published the collective pastoral signed by 113 bishops. In 1952 the archbishops, bishops and prelates from the Valley of the São Francisco gathered in Aracaju. In September 1954, the Second General Assembly of the CNBB launched the first document on the theme: The Church and Agrarian Reform. In 1956, the Northeastern bishops met in the city of Campina Grande (PB) and, in 1959, in the capital of Rio Grande do Norte. Beginning in 1960, the bishops' meetings began to be called by the CNBB itself. In December 1960, the meeting of the archbishops and bishops of the Ecclesiastical Province of São Paulo took place. In 1960, Professor Plínio de Oliveira, together with Bishop Castro Mayer, Bishop of Campos (RJ) and Bishop Geraldo Proença Sigaud, Bishop of Diamantina (MG) opposed the agrarian reform proposal being prepared by the CNBB. In July 1961, it was also the bishops of the Rio Doce Valley, in the state of Minas Gerais. In October 1961, the CNBB president, Dom Jaime Câmara, called the CNBB Central Commission to reflect on the publication of the encyclical Mater et Magister. On April 30, 1963, the Central Commission of the CNBB was again motivated by the publication of the second encyclical of John XXIII, Pacem in Terris. The research will follow the chronological order of the events that occurred between the years of 1950 and 1964 and will be ma de an analysis of the ecclesial documents and bibliographies on the subject.