O presente artigo sugere uma reflexão sobre a criação da companhia teatral Espaço Preto, de Belo Horizonte, Minas Gerais, observando nas suas propostas artísticas alguns tópicos das discussões sobre a poética do Teatro Negro e da Arte Marginal. Objetiva-se ainda ampliar possibilidades em relação aos temas e as formas na produção dessa linguagem, bem como a formação sociopolítica do(s) individuo(s) negro(s) que a compõem. Para isso, foram analisados os processos de concepção dos espetáculos “O grito do outro – o grito meu!” e “Ama”, os ensaios do grupo para as apresentações, os bate-papos com o público e as reverberações nos bastidores. A abordagem estética incorporada nos trabalhos da companhia atravessa o limite criado para se tratar da história e da vivência do negro no Brasil, por vezes relacionadas somente a religiosidade. Estabelece-se, portanto, uma referência periférica e urbana para tratar cenicamente das questões do racismo e de discussões mais específicas relacionadas à mulher negra e ao genocídio de jovens negros.
This article proposes a reflection on the creation of Espaço Preto, the theater company from Belo Horizonte, Minas Gerais, observing some topics about the poetics of the Black Theater and marginal art and its discussions. Yet, it aims to wide possibilities about the subjects and the forms in this language production, as well as the sociopolitical training of the black individuals whom are part of the Company. The design process of the shows “O grito do outro – o grito meu!” and “Ama”, the assay sections, the chats with the public and the reverbarations behind the scenes were analyzed for the previous goals. The aesthetic approach in the works of the company crosses the bonds created to treat History and the black life experience in Brazil, many times attached to religiosity. It establishes, therefore, a peripheral and urban reference to deal with the issues of racism and more specific discussions related to black women and the genocide of young blacks.